No Pará, a palma é explorada por grandes indústrias que transformaram o produto sagrado em monocultura. A plantação em massa no nordeste do estado virou sinônimo de destruição para comunidades quilombolas e indígenas
Grupos tradicionais acusam as grandes produtoras de dendê de invadir territórios e expulsar moradores, além de causar impactos socioambientais na região e destruir a relação ancestral que o povo tem com a terra
“Antes do dendê, nós vivíamos felizes porque nós éramos libertos. Nós andávamos por onde queríamos, caçávamos, pescávamos. Ninguém estava impedindo nada. Eles têm medo da gente roubar essas árvores de dendê deles. Mas o nosso direito eles roubaram, nosso direito eles tiraram à força. Quero saber quando a Justiça vai tomar providência para entregar o que é nosso”
* Raimundo Serrão, 62 anos, uma das lideranças quilombolas de Tailândia, município paraense.
O fio condutor dessa história perpassa séculos e milhares de quilômetros. Do Pará à Bahia, o Metrópoles percorreu 5,7 mil quilômetros para denunciar como a cadeia produtiva do dendê impacta povos quilombolas e indígenas